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Transplantes no Ceará crescem 686% em 16 anos

0601cd5050A espera por um órgão é como uma guerra. A doença quer viver. O doente também. “Ela tá respondendo dentro do quadro. Meu coração fica um pouquinho aflito, né? Mas medo eu não sinto, não”. A confiança materna de dona Ana Paula de Alencar Silva, 45, tem ancoradouro numa estatística reconfortante. A filha, Bruna Luíza Alencar, 17, integra o grupo de pessoas transplantadas no ano em que o Ceará mais realizou procedimentos do tipo.

Em 2013, 1.361 pessoas ganharam uma nova chance de viver. Ou, pelo menos, uma trégua nessa guerra – já que o organismo pode apresentar rejeição ao órgão/tecido recebido e precisar de um novo transplante. Foi o caso de Bruna. Ela já havia recebido o rim da mãe em 2009. Voltou à sala cirúrgica em 17 de dezembro último, depois de ter nova insuficiência renal crônica diagnosticada. Recebeu o órgão de um cadáver.

Mãe e filha não sabem quando retornarão ao Crato, onde moram. Natal e Réveillon foram passados num leito isolado do Hospital Geral de Fortaleza (HGF). Fronteiras nada porosas dentro das quais as duas precisam viver. Por ora. “A família liga direto. Querem que a gente volte logo. Mas Natal é todo dia, com ela renascendo. Teremos muitos outros juntos”, sentencia dona Ana Paula.

Com a estatística do ano passado, o Ceará chegou ao marco de 10.030 transplantes realizados desde 1998 – quando a Central de Transplantes (CT) começou a diagnosticar em quais unidades públicas existiam potenciais doadores e potenciais receptores. Uma média anual de 668 procedimentos. Ou 55 por mês. Ou quase dois por dia.

Qualidade

Nesses 16 anos, o crescimento dos transplantes foi de 686% (ver quadro). Mas o que explica tanto avanço? Além da criação da CT, a implementação e atuação de equipes dentro dos hospitais especializadas em localizar doadores e abordar familiares, e outras focadas só na realização do procedimento em si foram fundamentais.

“São equipes muito empenhadas. Porque o processo é bastante complexo. Números são importantes. Mas a qualidade fala mais alto”, pontua a coordenadora da CT, Eliana Régia Barbosa.

Segundo ela, pacientes de todo o Nordeste, Norte, Centro-Oeste e até do Sudeste, onde concentra-se boa parte das operações feitas no Brasil, são transplantados aqui. Barbosa credita essa elevada procura ao aperfeiçoamento do nosso sistema, onde, conforme a coordenadora da CT, equipes foram aumentadas, o Governo Federal injetou verba, aparelhos para diagnóstico de morte encefálica foram adquiridos e aeronaves estão disponíveis 24 horas para a busca de órgãos no Norte e Sul do Ceará. “Nos outros estados, as pessoas conhecem os nossos números. Tem lugar com muita dificuldade para realizar transplante porque o próprio Estado não apoia”, pondera.

Médico chefe do setor de transplantes do HGF, Ronaldo Esmeraldo também destaca uma maior conscientização das famílias quanto à importância da doação e um melhor preparo dos próprios profissionais da saúde na lida com o assunto.

Muitas vezes, profissionais mostravam-se reticentes no diagnóstico da morte cerebral – e, consequentemente, à conquista de um potencial doador. “O Ceará começou a se destacar em 1995, quando começou a transplantar de doador morto. Nós aumentamos o de doador morto e diminuímos o de doador vivo. Hoje, o Ceará é o terceiro maior doador do País. O transplante de fígado, por exemplo, cresceu mais de 100% desde que começou a ser feito”.

Fonte: O Povo.

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