Crianças que convivem com jogos e programas violentos se expõem mais a situações de risco
Quem tem filhos pequenos sabe que, depois de uma certa idade, fica difícil controlar a curiosidade deles por assistir desenhos menos lúdicos e um pouco mais, digamos, brutos. É neste momento que pais e mães ficam confusos sobre se devem ou não ceder aos desejos e permitir que meninos e meninas passem dos bichinhos fofinhos direto para os super-heróis, bombas e explosões. Afinal, será que isso faz mal ao cérebro deles?
Para os pais que estão preocupados, os especialistas dão uma boa e uma má notícia. A boa é que eles sabem que o contato com conteúdo violento é praticamente inevitável, e que, mais cedo ou mais tarde, todas as crianças acabarão sendo expostas a ele.
A má, no entanto, é que, se esta exposição não for mediada por um adulto, ela pode se tornar perigosa aos pequenos, que acabarão entendendo o comportamento violento como algo aceitável, como explica Renato Zamora Flores, do departamento de genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Se eu aprendi em casa que porrada é natural, então continuarei a minha vida pensando dessa maneira. Quanto mais uma criança está exposta a um meio violento, mais ela se expõe a situações de risco”.
Isso acontece também porque, de acordo com o professor, ao ver as lutas dos personagens na TV, as crianças entendem que apanhar até deve ser ruim, mas que ganhar uma briga pode ser bem legal.
Especialmente no caso de meninos e meninas que sofrem ou já sofreram bullying na escola, por exemplo. “Ver alguém sendo machucado dá prazer porque aquela pessoa não sou eu. E, se eu já fui vítima de alguma violência na vida, certamente me sentirei vingado”, explica Renato Flores.
Portanto, a recomendação de Flores é a de sempre cercar os filhos da maior quantidade de suporte possível na hora de oferecer a eles acesso a este tipo de conteúdo. “O adulto tem que saber explicar para a criança o que é aquela violência que ele está vendo, mesmo que seja a violência socialmente aceita. Ela tem que entender que aquilo ali não é uma representação da realidade”.
Fonte: R7 Saúde.