Cientistas miram pílula anticoncepcional masculina
Washington – A versão masculina da pílula anticoncepcional nunca esteve tão perto da realidade, afirma uma pesquisa que acaba de ser publicada numa das principais revistas científicas do mundo, a “Cell”. Por enquanto, a substância, conhecida pelo codinome JQ1, só foi testada em camundongos e ratos, mas isso não impediu os pesquisadores de usar uma linguagem confiante que não é muito comum em artigos científicos. “Acreditamos que nossas descobertas poderão ser adaptadas completamente para seres humanos, criando uma estratégia inovadora e eficaz de anticoncepcional masculino”, afirmam. A bravata faz sentido? Cientistas não envolvidos no estudo dizem que sim. Em primeiro lugar, o método demonstrado por Martin Matzuk, da Faculdade Baylor de Medicina, no Texas, e James Bradner, da Universidade Harvard, é reversível. Bastou que os bichos usados no estudo parassem de levar injeções da JQ1 para que se tornassem totalmente férteis, gerando filhotes que, pelo que se sabe, são normais. A substância também não mexe com os hormônios sexuais, como a testosterona. Por isso, o interesse sexual, bem como a capacidade de cortejar fêmeas e copular com elas, ficou intacta nos roedores que foram usados como cobaias. O alvo da nova droga é uma proteína aparentemente crucial para “desempacotar” o DNA das células que estão virando espermatozoides. Esse processo complexo, com uma série de passos específicos, transforma as células normais nas criaturas extremamente especializadas que nadam rumo ao óvulo para fecundá-lo. Em essência, o que a JQ1 faz é travar esse desempacotamento, impedindo que os genes certos sejam ativados para essa metamorfose. O resultado foi uma redução dramática do número de espermatozoides dos bichos: após seis semanas de injeções duas vezes aos dia, só 11% das células normais estava presente. E mesmo os espermatozoides sobreviventes do massacre não “sabiam” nadar – só 5% deles se movimentava normalmente. Em entrevista, Martin Matzuk disse que ainda há muito o que melhorar. “Vamos tentar modificar a nossa molécula para que ela tenha ação mais específica. E também vamos pensar em como aplicar a substância em pacientes humanos”. De acordo com ele, o método final poderia ser uma pílula ou então injeções que permitam que haja uma a liberação lenta e gradual da substância no organismo masculino. O alvo da nova droga é uma proteína crucial para “desempacotar” o DNA das células que estão virando espermatozoides. Fonte: Diário do Nordeste